20 de janeiro de 2011
Falando de Nando Reis
Eu a-moooo ele e fiquei ainda mais apaixonada depois desta entrevista dele para a Revista Cláudia, edição de Janeiro de 2011.
É o supra sumo da música brasileira, e já tive o privilégio de ir à alguns shows dele. Porém o mais marcante foi aqui mesmo em Blumenau, no Teatro Carlos Gomes, em Junho de 2003. Um show de mais de 3 horas de duração, em pleno dia dos namorados. Precisa mais ???
Ao encerrar o Show ele disse uma coisa que me marcou muito ... ”quem gosta de música é eclético, porque dentro de estilos diferentes existe muita coisa boa, onde muitos tem medo de assumir que gostam de determinada música por medo de passar por brega...” Encerrou tocando Wando, bem aquela "meu iaiá meu ioiô...", e na voz dele com seu violão ficou LINDOOO. Nem preciso dizer que foi aplaudido de pé !!!
Apaixone-se mais por Nando Reis... (segue a entrevista para revista Cláudia:)
Por que resolveu fazer um baile?
O bailão é uma enfática afirmação de liberdade e também de comunhão: juntei pela primeira vez músicas de outros autores com as minhas. Como digo no show: não estou tocando só as músicas que eu fiz, mas também as que me fizeram.
Como você começou a tocar e compor?
Minha mãe dava aulas de violão, embora não fosse o seu ganha-pão. Tem coisa na minha família que eu só entendi muito mais tarde. Sou o quarto filho, entre cinco. O único ruivo. Dois irmãos tiveram meningite – o Zé Luis, que nasceu antes de mim e ficou surdo por causa dos remédios que precisou tomar; e a Maria Luiza, a Lulu, que nasceu depois de mim e teve ainda encefalite e paralisia cerebral. Na minha casa, o excepcional era o normal. Nem era questão o fato de um filho ser surdo e o outro ser músico. Simplesmente aconteceu. E minha mãe morreu muito cedo, aos 53 anos. Eu tinha então 26.
Aprendeu a tocar com ela?
Não, mas tudo passou por ela: ganhei o primeiro violão da minha avó materna e quem me ensinou a tocar foi minha irmã mais velha. Eu tinha 7 anos. Minha mãe foi estudar fonoaudiologia depois que meu irmão ficou surdo. Entendi assim a relação que há entre ganhar dinheiro, fazer o que é urgente e ainda ter prazer com isso. Essa é minha base. Enfim, acho que a vida é um misto daquilo que você decide e daquilo sobre o qual não se tem controle!
Mas você fez suas escolhas. Por exemplo, saiu dos Titãs para investir numa carreira-solo.
A graça não é a gente tentar controlar a vida, mas o modo como nos relacionamos com ela. A liberdade que tenho, tento ampliar no palco dizendo que cada um de nós é responsável por si próprio. Por isso, não gosto de padre, de crítico nem de artista messiânico. De ninguém que acredite que pode dizer o que outro deve fazer. Não é o meu barato.
E qual é o seu barato?
Gosto de flutuar entre a consciência e o risco. Na verdade, eu sinto muita raiva.
Do quê, Nando?
De tudo o que aconteceu com meus irmãos, da dor que isso gerou neles e na nossa família. Sempre senti essa raiva, mas não sou rancoroso nem vítima de nada. Enfrento o que vier. Mas que ninguém ouse me dizer o que devo fazer.
Como lida com dinheiro?
Mal. Produzo e gasto muito dinheiro e me sinto patrulhado. No Brasil do Lula e do PT, por mais que eu pague direito todos os meus impostos, e eu pago, o legal é ser pobre, e eu não sou. Fico puto! No meu país, obter algum destaque parece privilégio, como se você estivesse usurpando o direito dos outros. E eu nem acho que o dinheiro seja tão importante. Não é demagogia, até porque não vejo mal em ganhar dinheiro, o meu é fruto do trabalho. O que me incomoda é que tanta gente ainda não tenha a chance de entrar nessa corrida. Só isso.
Você tem cinco filhos. Como se sai em família?
Sou um ótimo pai! Eles foram bem alimentados pelo leite paterno. Ensino em silêncio o que é bom e não escondo minhas fraquezas. E não me sinto mais velho nem mais novo por ter me tornado avô. No fundo, estou dando bandeira de que meu pai é meu ídolo. Ele teve cinco filhos, eu também. Papai vai fazer 80 anos e é um tipão, bem mais bonito que eu, o que não é difícil... eu procuro a beleza.
É vaidoso?
Sou. Se der, faço academia sete vezes por semana. Cuido do cabelo, gosto de roupas, brincos...
Falou sobre drogas quando as crianças chegaram à adolescência?
Gostaria de protegê-los, mas é natural que adolescentes sejam curiosos sobre sexo e drogas. Eles sabem que tenho experiência no assunto. Se me perguntam, eu respondo. Não há tabus, mas não fico falando disso. Assim, ensino que a privacidade deve ser preservada. Não faço apologia de nada e também não dou conselhos. Quem sou eu para dar conselhos? A droga mais difícil que já enfrentei foi a minha mente.
Já fez terapia?
Faço análise há 20 anos. Cada um se vira como pode. Tenho tanto nó! Sou atormentado, não facilito. Aliás, eu me atrapalho.
Está sozinho, namorando ou não sabe?
Como assim não sabe? Sempre sei do meu coração. Eu me sinto casado. Não cabe dizer mais que isso.
O que aprendeu com as mulheres?
Tudo. A minha mãe... (Ele chora.) Meu pai e meu avô paterno me deram o
senso da masculinidade e da elegância. Meu avô morava no interior. Quando minha mãe morreu, chegou cedo para o velório. Estava de gravata borboleta, bem-vestido. Aquilo foi para mim um ensinamento a respeito das ocasiões solenes. Sua presença máscula atenuava a minha dor e informava a importância, o lugar da mulher. A beleza feminina é tão imensa. Tudo o que quero é poder contemplar.
Marisa Monte e Cássia Eller foram as primeiras a gravar composições suas...
Eu assisti a isso tão maravilhado... Sabe, eu gosto de ser homem, mas queria ser mulher. Sou louco por elas. Minha mãe, minhas professoras, minha irmã, minha avó, minhas filhas, as mulheres que me deram filhos. Foi com Marisa Monte, com quem namorei, e com Cássia Eller que fiz as coisas mais lindas da minha carreira. Elas não são pouca coisa, eu também não: elas me deram a minha medida. Isso basta. Eu só penso em mim.
É egoísta?
Não, acho que a gente tem que gostar de si mesmo para poder fazer o outro feliz. Eu gosto e, se não fosse assim, mataria de tristeza os que me amam.
Teve muitos amores?
Não, uns quatro ou cinco... Muito mais que isso, seria grave. Não meço as coisas dessa forma. A única coisa que me preocupa, nessa área, é que desperdicei boa parte da minha vida querendo estar num lugar onde eu não estava. Sou ansioso. Nem sempre isso aparece nas minhas canções. Ali se revela o que eu quero ser, não o que sou. Minha música é puro desejo. E meu desejo é criar. Adoro. Trabalho como um lixeiro.
Lixeiro?
Eles andam de noite com aquela faixa que brilha. E fazem o que têm que fazer. Eu me sinto assim. Como o Paulo Vanzolini, na ronda da cidade
E o sucesso?
Não penso nisso. Esse termo ficou tão poluído, não sou movido por nenhum tipo de status quo.
O que te move?
Meu pulmão, meu coração, meu sexo, meus filhos, a necessidade ordinária de ter casa e comida. Preciso de sentido. Converso com os valores vigentes, não estou desligado do mundo, mas eu quero o fundamental: ser feliz e ter prazer.
Como é que você aguenta a sua intensidade?
Indo ao limite máximo. Eu sou um Gordini com um velocímetro de Ferrari colado no painel. Então eu acredito e acelero.... Vruuummm!
Fonte: Revista Claúdia Janeiro/11
Assinar:
Postar comentários (Atom)
esse é o que chamamos de "artista completo", com certeza um maravilhoso, cantor, compositor, tudo enfim...linda entrevista..♥
ResponderExcluirAle eu tb adoro as músicas dele, em especial - Pra vc guardei o amor - que tem uma letra linda...o cara é um poeta, sem dúvida!
ResponderExcluirbjss
Meu sonho é ir num show dele.Agora já tenho compania e das melhores!!Ele é super escrevendo,no palco...
ResponderExcluirEu nunca conseguir ir num show dele, tá na hora de ele voltar pra Blumenau, no Teatro seria super, num show de 3 horas seria perfeito! rsrsrs
ResponderExcluirQue sorte a tua!
Amo de paixão ele, sou super fã!
Achei super ousado o projeto do bailão do ruivão, mas é claro que o resultado ficou maravilhoso!
Beijo-beijo!
'Que a vida é mesmo
ResponderExcluirCoisa muito frágil
Uma bobagem
Uma irrelevância
Diante da eternidade
Do amor de quem se ama'
é uma das minhas preferidas....
mais uma afinidade... aos poucos vamos nos descobrindo... Beijo